Crítica: Não Olhe Para Cima (2021)
Caio Scovino
Não Olhe Para Cima (2021) consegue errar em todos os âmbitos possíveis de uma obra cinematográfica. Começando por manter os maneirismos publicitários pseudo documentais do diretor Adam McKay, que além de gerar uma produção vazia e sem qualquer apuro estético, não consegue emular uma genuinidade da abordagem escolhida, gerando um produto frio e feio.
E, ainda mais equivocada que a técnica do filme, há sua direção, que pega um roteiro que apresenta -- ao menos -- uma premissa que poderia ser explorada por outras abordagens, e a transforma em uma obra que só consegue impactar pelo ridículo.
Para um filme que assume o tom de comédia satírica sobre política e mídia, o ritmo soa arrastado ao longo dos infindáveis cento e quarenta e três minutos de duração. Ao mesmo tempo, soa irrelevante ao apresentar situações, diálogos e personagens bobos e reducionistas demais até para a sátira mais pastiche.
Outros aspectos que diminuem a experiência são a trilha sonora irritante, que entra e sai deliberadamente em sequências de numerosas pequenas montagens, que mais soam como sirenes para manter o expectador acordado durante a exibição. Falha também é a edição do longa, aspecto que costumava salvar filmes medíocres, como nos filmes do mesmo diretor A grande aposta (2015) e Vice (2018). Neste último, as cenas soam juncadas e não fluem entre si, criando engasgos no fluxo já problemático do filme.
Mesmo que bem intencionado em criticar e satirizar o descaso político, a influência mesclada com o entretenimento da mídia, filantropia destrutiva e hipócrita e o momento da pós verdade da midiática, a construção narrativa apenas apresenta tais conceitos como pano de fundo para esquetes que não se sustentam nem no campo cômico, portanto perdem tal possível potência política real.
É irônico pensar que o tão odiado pela crítica, Michael Bay, consegue fazer um filme muito mais bem sucedido em todos os aspectos sobre o mesmo conceito. Armageddon (1998) não é um filme que critica a política e o panorama social contemporâneo. Entretanto, com uma abordagem muito mais simples e dramática, ele consegue o êxito que há de melhor a ser explorado no cinema: entretenimento e emoção
Nota: 1/5 Lágrimas
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